Excerto de um artigo de Eric Morris, publicado em 2007 na revista Access, do Departamento de Transportes da Universidade da California.
“Em 1989, representantes de todo o mundo reuniram-se em Nova Iorque para a primeira conferência internacional de planeamento urbano. Um assunto dominou as discussões. Não foi a habitação, a utilização da terra, o desenvolvimento económico ou as infra-estruturas. Os participantes estavam desesperados por causa dos excrementos de cavalo.
Os cavalos não eram uma novidade na vida urbana. Mas no final do século XIX, o problema da poluição equina atingiu níveis sem precedentes. O crescimento do número de cavalos ultrapassava até o rápido crescimento do número de residentes urbanos. As cidades americanas afogavam-se em excrementos de cavalo bem como de outros desagradáveis problemas: urina (além do cheiro, empastelava as ruas), moscas por todo o lado, engarrafamentos, carcaças abandonadas e acidentes de trânsito. A vulgarizada crueldade contra cavalos era também uma forma de degradação ambiental.
A situação era medonha. Em 1894, o jornal Times, de Londres, estimou que por 1950 todas as ruas da cidade estariam sob quase 3 metros de excremento de cavalo. Na cidade de Nova Iorque previa-se que por 1930 o excremento de cavalo alcançariam as janelas do terceiro andar dos prédios de Manhattan. Uma crise de saúde pública e de salubridade de dimensões impensáveis parecia iminente.
E não se entrevia qualquer solução. Afinal de contas, o cavalo tinha sido o meio de transporte dominante nos últimos séculos. Os cavalos eram imprescindíveis para o funcionamento da cidade do século XIX: para o transporte pessoal, para o transporte de mercadorias e até para força mecânica. Sem cavalos, as cidades definhariam quase literalmente.
Todos os esforços para mitigar o problema revelavam-se desadequados. Derrotada pela crise, a conferência de planeamento urbano declarou infrutíferos os seus trabalhos e acabou ao fim de 3 dias em lugar dos 10 que estavam marcados.”
Parece-me um bom aperitivo para o ler o artigo completo.
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